
Biologia e Geologia

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Processos e materiais geológicos - Rochas metamorficas
As rochas preexistentes, quando sujeitas a um ambiente diferente daquele em que foram formadas sofrem alterações que restabelecem o equilíbrio com o novo ambiente. Por exemplo, qualquer rocha, quando deslocada para regiões profundas, pode ser mais ou menos alterada a nível da composição mineralógica e/ou textura, sem que ocorra fusão. Este processo designa-se por metamorfismo e situa-se no meio-termo entre a diagénese e o magmatismo.
Este fenómeno ocorre em locais com características termodinâmicas (temperatura e pressão) específicas caracterizando o ambiente metamórfico, designando-se como metamórficas as rochas que assim se formam.
Na maioria dos casos as rochas metamórficas formam-se a partir de outras
rochas, que são submetidas a pressões intensas ou elevadas temperaturas.
Tal processo ocorre naturalmente devido ao movimento intenso e constante
do núcleo terrestre, provocando o movimento períódico da crosta do planeta
(a cobertura de terra e rochas que compôem a região externa do planeta). O
movimento da crosta, por sua vez, dá início a um rearranjo nas rochas
localizadas na parte superior, sendo, que quando as rochas magmáticas e as
sedimentares são empurradas a níveis inferiores, dando origem assim ao
processo de formação da rocha metamórfica.
Na maioria dos casos as rochas metamórficas formam-se a partir de outras
rochas, que são submetidas a pressões intensas ou elevadas temperaturas
(ver fig 1).

Fig. 1: Rochas Metamórficas - Gnaisse, Quartzito e Mármore.
Fatores de metamorfismo
Existem quatro tipos de fatores de metamorfismo que, conjugando-se com diferentes graus de intensidade nos diversos locais da Terra, conduzem à formação de uma grande variedade de rochas metamórficas:
- Tensão;
- Calor;
- Fluidos;
- Tempo.
Tensão
Quando se aplica uma força numa determinada área, diz-se que um material fica sujeito a um estado de tensão. Os materiais geológicos no decurso da sua evolução em profundidade são sujeitos à atuação de diferentes tipos de tensão:

Fig. 2: Diferentes tipos de força a que as rochas estão sujeitas.
Tensão Litostática ou confinante: A ação da tensão litostática é, pelo menos, para profundidades superiores a 3 km, exercida de igual modo em todas as direções, o que origina a diminuição do volume dos materiais rochosos quando sujeitos a este tipo de tensão, aumentando, por conseguinte, a sua densidade.
Tensão não litostática ou dirigida: Este tipo de tensão tem implicações ao nível do aspeto macroscópico e microscópico de uma rocha metamórfica, uma vez que produz uma orientação preferencial de certos minerais, que tendem a ficar alinhados perpendicularmente à direção da força.
Calor
O calor afeta de forma significativa a mineralogia e a textura de uma rocha, tendo uma grande importância o processo de formação das rochas metamórficas. Existe, assim, um aumento da temperatura com a profundidade. Os materiais geológicos, à medida que aprofundam no interior da litosfera, ficam assim sujeitos a emperaturas elevadas, que, mesmo não sendo suficientes para os fundir, provocam alterações importantes nos seus minerais constituintes. Deste modo, a rocha ajusta-se aos novos valores de temperatura, estabelecendo-se novas ligações atómicas, surgindo novas redes cristalinas e, consequentemente, aparecem outros minerais, mais estáveis segundo as novas condições.
Fluidos
Muitas das alteraçoes químicas e mineralógicas que ocorrem durante o processo de metamorfismo devem-se a fluidos que circulam nas rochas que estão sujeitas a estes processos. Entre os fluidos, pode considerar-se a água aquecida e a elevadas pressões, que pode transportar vários iões em solução. No decurso do processo metamórfico, a água que existe em certos minerais hidratados pode também ser libertada, constituindo assim um fluido capaz de induzir transformações nas rochas.
Tempo
Os fenómenos relacionados com o metamorfismo são extremamente lentos, sendo, por isso, também considerar o tempo como um dos fatores relevantes para a formação de rochas metamórficas.
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Em todos os continentes existem extensas áreas onde afloram rochas metamórficas. Este tipo de rohas constitui, geralmente, o núcleo de muitas cadeias montanhosas recentes, por exemplo: Alpes e Himalaias (ver fig. 3 e 4).

Fig. 3: Himalaias.

Fig. 4: Alpes italianos.
Mineralogia das rochas metamórficas
Os minerais qua constituem as rochas são mais estáveis em ambientes semelhantes àqueles que estiveram presentes durante a sua formação. Quando essas condições se alteram, os minerais podem experimentar transformações.

Fig. 5: Formação de várias rochas a várias profundidades (com o aumento da temperatura).
A composição mineralógica e o arranjo dos minerais rochosos preexistentes, quando sujeitos a novas condições termodinâmicas, os materiais rochosos podem ser transformados, originando-se diferentes associações minerais, e/ou diferentes texturas, devido a novos arranjos de partículas, ocorrendo, desta forma, processos de recristalização.
Recristalização: Formação de novos minerais devido à reorganização espacial das partículas constituindos dos minerais de uma rocha, quando fica submetida a novos parâmetros de pressão e temperatura.
Nota: Mineral-índice: Quando um dado mineral permite inferir das condições em que uma dada rocha metamórfica foi gerada, é designado por minaral-índice.
Tipos de metamorfismo
De vários tipos de metamorfismo são de destacar o metamorfismo regional e metamorfismo de contacto.
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Metamorfismo regional
Metamorfismo que afeta grandes extensões da crusta e está, em geral, associado à génese de cadeias montanhosas. ocorre em grande extensões bem como em grandes profundidades na crosta. Suas transformações estão relacionadas à ação combinada da temperatura, pressão litosférica e pressão dirigida sendo aplicadas durante milhões de anos. As rochas são fortemente dobradas e falhadas, sofrem recristalização, apresentando estrutura foliada. São exemplos: ardósias, xistos, gnaisses e anfibolitos (ver fig. 6).

Fig. 6: Diversidade de rochas originadas por metamorfismo regional.
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Metamorfimo de contacto
Resultado apenas da ação da temperatura, através do calor cedido por intrusão magmática que corta uma sequência de rochas sedimentares encaixantes, metamórficas ou magmáticas. Através destes cortes e do constante contato entre as superfícies teremos como resultado o fenómeno metamórfico.

Fig. 7: Metamorfismo de contacto.
Texturas das rochas metamórficas
A textura de uma rocha é determinada pelo tamanho, forma e arranjo dos minerais que a constituem. Durante o processo metamórfico, alguns minerais, em especial as micas, ou outros com hábito tabular ou lamelar, conferem às metamórficas aspetos peculiares, quando estas resultam da atuação conjunta de tensões orientadas e temperaturas elevadas.
Assim um tipo de característica textural, considerada como importante critério de classificação de uma rocha metamórfica, é a existência ou ausência de foliação. Entende-se por foliação uma estrutura planar originada durante os processos metamórficos e que resulta quer de um alinhamento preferncial de certos minerais anteriores ao processo metamórfico, como, por exemplo, as micas, quer da orientação de novos minerais formados durante o processo de recristalização.
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A clivagem, a xistosidade e o bandado gnáissico são três tipos de foliação muito caraterísticos de rochas de baixo, médio e alto grau de metamorfismo, respetivamente.
Clivagem:
Em mineralogia é a forma como muitos minerais se quebram seguindo planos relacionados com a estrutura atómica interna, paralelos às possíveis faces do cristal que formariam.
É uma propriedade física que certos corpos minerais possuem de se quebrarem/dividirem com maior facilidade seguindo planos os quais estão relacionados com suas estruturas atómicas (internas), produzindo superfícies planas reticulares definidas (planos de clivagem/ superfícies de clivagem) e paralelas entre si. A partir desse processo, é possível identificar-se minerais que não estão morfologicamente desenvolvidos. Essa rutura ocorre na região de maior fraqueza da estrutura cristalina, ou seja, na área em que se encontram átomos com o menor número de ligações.
A clivagem é u tipo de foliação frequente em rochas que experimentaram deformação em condições de metamorfismo de baixo grau. A clivagem pode ser reconhecida em rochas metamórficas, como as ardósias e os filitos.
Xistosidade:
Trata-se de um elemento estrutural da rocha, evidenciado pela existência de planos paralelos (foliação) resultantes da existência de uma forte recristalização dos minerais que a constituem. Como resultado a rocha divide-se em finas lâminas paralelas.
As rochas que possuem esta característica estrutural designam-se vulgarmente por xistos.
Bandado gnáissico:
É um tipo de foliação de rochas de alto grau de metamorfismo; tipo de foliação gerada por diferenciação em bandas por efeito de tensões dirigidas, por exemplo em certas rochas como o gnaisse.

Fig. 8: Formação de rochas a diferentes temperaturas apresentando cada uma um tipo de foliação diferente. Com o aumento da profundidade forma-se a menores temperaturas a ardósia e a altas temperaturas o gnaisse, apresentando, respetivamente, com o aumento da profundidade, clivagem, xistosidade e bandado gnáissico.
Um outro tipo de textura que pode ser identificada em rochas metamórficas é a textura não foliada, também chamada granoblástica. Rochas como, por exemplo, o quartzito, o mármore e as corneanas apresentam textura granolástica e por vezes são o resultado de processos metamórficos relacionados com o metamorfismo de contacto.